Libertadores do futebol brasileiro

Santos de Neymar traz alguma luz aos que já previam a decadência do futebol brasileiro.

O título do Santos na Libertadores, conquistado após a vitória de ontem sobre o Peñarol, é o terceiro na história da competição sul-americana. Merece uma comemoração muito intensa, até porque o último elenco do Santos que conseguiu esse feito( e logo em um bicampeonato) foi o de Pelé, Dorval, Mengálvio, Pepe, Coutinho, Zito…aquele time que alguns dizem que não aguentaria o futebol de hoje.

No entanto, o título tem outros dois aspectos interessantes a ser discutidos aqui: um micro, relativo ao Santos Futebol Clube; e um Macro, referente ao futuro do futebol brasileiro.

Para a história do Santos, ficou claro de uma vez por todas: a geração atual de Paulo Henrique Ganso e Neymar já está acima, tecnicamente e em matéria de conquistas, em relação à geração de Robinho e Diego, a última a surgir na Baixada santista e encantar o Brasil por três anos seguidos, entre 2002 e 2004. Robinho e Diego, mesmo tendo tido excelentes performances no alvinegro praiano, não conseguiram ter uma regularidade em excelência em seus times na Europa. Robinho só conseguiu ter algum destaque em sua última temporada pelo Milan, no qual foi campeão italiano. Os erros de ambos podem servir para que Neymar e Ganso consigam vislumbrar o caminho mais correto para suas respectivas carreiras.

Aliás, um parênteses no texto para comparar as escalações do Santos de 2002 e de 2011.

Santos: Fábio Costa; Maurinho, André Luís, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego (Robert, depois Michel); Robinho e William (Alexandre). Técnico: Émerson Leão.(2002- Final do Brasileiro)

Santos: Rafael; Danilo, Edu Dracena, Durval e Léo (Alex Sandro); Adriano, Arouca, Elano e Paulo Henrique Ganso (Pará); Neymar e Zé Eduardo. Técnico: Muricy Ramalho

Fica a cargo dos leitores dizer: quem é melhor? E porque esse time de 2011 conseguiu a Libertadores que o time de Emerson Leão viu escapar em 2003, contra o Boca Juniors?

Neymar, aliás, merece um parágrafo à parte. Por mais que eu tivesse resistido a chamá-lo de craque durante algum tempo, por achar que ele não tinha muita maturidade para lidar com a responsabilidade de ser o “cara” que decide os jogos, não dá para falar algo diferente sobre o jogador hoje. Cracaço de bola. E que provou mais uma vez ser decisivo ontem, abrindo o placar de uma partida complicada, cascuda, enfim, uma final de Libertadores típica. Fatalmente será um dos melhores do mundo se continuar nesse ritmo. O Santos PRECISA mantê-lo se quiser chegar ao Japão com chances de enfrentar e, quem sabe, derrotar o time do Barcelona.

Analisando em um macrocosmo, esse título do Santos comandado por Ganso e Neymar revela, pelo menos no quadro atual, o erro cometido pela revista 4-4-2 em dizer que o futebol brasileiro está morto(leia aqui). Mas há exceções, como os dois supracitados. Lucas, do São Paulo, também promete um futebol muito além da média.

Esse título da Libertadores mostra que o futebol brasileiro, mesmo vivendo uma entressafra de grandes talentos, ainda é capaz de produzir craques e, principalmente, formar times vitoriosos.

Ninguém sabe qual será o futuro dessa Copa, ao menos dentro de campo, uma vez que fora dele a bagunça é institucionalizada e pouco é feito para que isso mude. Mano Menezes deverá ter muita sabedoria para aproveitar o melhor dos talentos que possam surgir durante esse período pré-2014 e, quem sabe, montar um time capaz de vencer a Copa do Mundo em sua própria casa, mesmo com toda a pressão envolvida com essa responsabilidade.

Sem título

Sou o mesmo que conheceste outrora

N’alvorada de um amor florescente;

Serei agora como a luz do sol nascente

Ou face implacável de sombria aurora?

 

Cada dia é um regime de urgência,

Contínuo apagar para reconstruir;

Guiado por cautelosa inconsequência

Para que a vida possa assim seguir.

 

Sábia é nossa fraqueza;

Entre o inferno e o firmamento

Tudo que resta é viver

 

O que me guia é a incerteza;

Ensinamentos a cada momento,

O aprender sem se arrepender.

Behind The Painted Smile

 

 

This is the Voice Of Fate, with the latest news. Have a good evening.

England Triumphs.

 

1997

Guy Fawke’s is back on track

Blood flowing through his heart, his eyes are filled with black

From Shadows Gallery, Anarchy shall arise

Overcoming boundaries, Leadership shall be demised

 

Room number Five

The origin of terror, there is no place to hide

Right from the darkness, comes the Voice of Fate

Full of prejudice and mothafuckin Hate

 

Remember, Remember, The Fifth Of November

In the blade of the sword remains the final word

 

No room for sinners

In this vicious cabaret

Yides,queers or blacks, no matter what you say

Behind the painted smile, no anger,pain or fright

For now we celebrate, enjoy Bonfire Night

 

Norsefire rules all over  this land,

Right within their veins, the only thing is sand

Strings of Power attached to everyone

Through hands of puppets, all evil shall be done

 

Remember, Remember, The Fifth Of November

In the blade of the sword remains the final word

 

No room for sinners

In this vicious cabaret

Yides,queers or blacks, no matter what you say

Behind the painted smile, no anger,pain or fright

For now we celebrate, enjoy Bonfire Night

Tudo que eu vejo

 

II

 

Mas Sérgio esqueceu de tudo aquilo que enchia sua cabeça. Mais do que tudo, naquele momento, ele queria achar um banheiro. A viagem desde Belém, para onde fora ver uma parente doente, fora longa. Os remédios, os diversos copos d’água, o calor reinante…tudo direcionava para um único destino solitário por aquela porta adentro.

Após o processo estar completo, o sabão, a água nas mãos, a porta. Na teoria, parece tremendamente simples. No entanto, havia no ar uma nítida sensação macabra. Algo indicava que o desconhecido que nos aguarda a cada abrir de porta não era lá dos mais agradáveis para Sérgio. Seus neurônios começavam a sufocar, pedir por oxigênio, procurar uma saída.

A escuridão, no entanto, era mais espessa. O breu em seus olhos era implacável, não dando espaços para um único vislumbre de luz.

De repente, outra cor passou a se insinuar na superfície trevosa do espelho. Os contornos de Sérgio, em um tom de rubro muito vivo, começaram a se distinguir dentro daquele quadro de horror.

A face no espelho era a representação do que havia de mais diabólico. Nada de exageros, risos maléficos ou mesmo uma expressão sombria e opaca: Os olhos recheados de sadismo, as maçãs da face  levemente alteradas, sorrindo com a satisfação de um torturador em vista do sofrimento alheio. E mais aterrador do que qualquer coisa, a tranquilidade de quem tem a inexorabilidade da morte ao seu lado, como um elemento a ser usado a seu bel prazer.

“ Acorde” disse a imagem no espelho para Sérgio, que poderia ficar assustado facilmente e sair correndo daquela sala infernal naquele mesmo instante. A serenidade no olhar daquele ser que ainda era capaz de ver deixou-o totalmente hipnotizado. Lembrou-se das vezes anteriores, das pias quebradas, dos sustos repentinos no meio da rua. Enquanto ninguém se aproximava dele, o homem no espelho aparecia nos seus momentos de loucura. Aliás, nas horas em que esta última ultrapassava as barreiras interiores do tolher social e mental. Era como um companheiro. Mudo, aterrador, perturbador o suficiente para perturbar-lhe o sono. Mas um companheiro, afinal.

 Com o passar do tempo, a expressão naquele rosto parecia estar cada vez mais contentada com seu sofrimento. Dez dias atrás, ela finalmente parecera rir, com a plenitude de quem sabia distinguir a realidade. E, naquela noite, dia 16 de janeiro de 2010, Sérgio chegou a uma conclusão tola, quase óbvia: “ Este é meu único amigo. E nesta noite ele sorri novamente”. E foram palavras ditas por Sérgio Malheiros da Costa Oliva, vindo ao mundo a 22 de julho de 1960, divorciado, sem filhos, sem pai, mãe, irmão e amigos, a epítome da decadência humana, tal qual sua trajetória antes de chegar ao chão frio, consciente apenas da própria inconsciência.